Liderar é um caminho solitário, com muitos desafios, aprendizados e momentos que moldam a carreira e a essência de que embarca nessa jornada.
Aos 25 anos, quando assumi oficialmente um papel de gestão, abracei não apenas as responsabilidades, mas também as nuances e os dilemas que acompanham a liderança, e é sobre uma parte deste processo, que não é muito comentada, que decidi falar.
Aqui deixo um ponto de atenção: quando falo de liderança não me restrinjo à ocupação de um cargo de gestão. É mais profundo do que isso, pois nem sempre quem gerencia, lidera (este assunto pode render um outro papo bem legal)!
Quando menciono o termo “liderar”, quero falar de uma entrega genuína que visa impulsionar o crescimento de outros, um compromisso em pavimentar caminhos para que muitos possam trilhá-los com mais segurança.
Mas, liderança pra mim é também um ato de coragem misturado com solidão.
O lado não tão cênico de liderar
Esta responsabilidade é inanimamente admirável, mas há um lado menos romântico que poucos destacam, como disse, que é: a solidão que muitas vezes acompanha quem está à frente.
Eu vejo isso como um paradoxo interessante, pois ao mesmo tempo em que lideramos grupos, tomamos decisões impactantes e influenciamos vidas, também enfrentamos momentos de solidão que se manifesta de várias formas, como por exemplo:
- no peso das escolhas que recaem sobre nós;
- na expectativa de que sejamos autossuficientes para resolver conflitos; e
- na pressão de mostrar uma imagem de perfeição, escondendo nossas próprias dores.
Pesquisas revelam que essa solidão não é uma percepção exclusiva minha (ainda bem que não estou só!) e trazem a informação de que muitos líderes podem ser sentir sozinhos, mesmo em meio a grandes equipes, reforçando ainda que estresse, expectativas, a necessidade de parecer sempre competente e autossuficiente contribuem para essa sensação.
Há um artigo publicado no site Harvard Business Review que aponta que metade dos CEOs se sentem isolados em seus cargos, e esse isolamento pode impactar negativamente o desempenho de mais de 60% deles. Este dado elucida mais ainda o meu ponto: liderar é solitário, e qualquer nível hierarquico pode ser impactado por esta sensação.
Como lidar com essa questão da solidão na liderança?
Esta solidão é algo que não deve ser negligenciado, nem pelo profissional e nem pelos empregadores.
É crucial que as empresas compreendam este aspecto comum à realidade corporativa e ofereçam suporte emocional e estrutural aos líderes.
Mas como nós podemos lidar com isso por conta própria?
Um caminho é abraçar a vulnerabilidade. A ideia de que precisamos ser sempre infalíveis nos afasta ainda mais dos outros e ao compartilhar nossas dificuldades e inseguranças criamos conexões genuínas.
É também sobre se conectar, buscar redes de apoio, seja através de mentorias, grupos de discussão ou mesmo diálogos francos com colegas.
Outro ponto fundamental é o equilíbrio de papéis.
Reconhecer que somos líderes, mas também seres humanos com limitações, equilibrando as expectativas, delegando responsabilidades e reconhecendo que não precisamos carregar o mundo sobre nossos ombros.
E mesmo neste contexto, liderar é “massa” demais para quem nasceu pra isso
A despeito da solidão que por vezes nos assola, liderar é uma jornada enriquecedora e belíssima.
Olhar para trás e perceber o impacto positivo que deixamos na vida de outras pessoas é gratificante, ainda que com os desafios e a solidão, a capacidade de contribuir para o crescimento pessoal e profissional dos outros é o que torna a liderança um caminho recompensador.
À medida que continuo nessa jornada, aprendo que a solidão não é uma fraqueza, mas sim uma oportunidade de conexão genuína.
Compartilhar experiências, buscar apoio e entender que não estamos sozinhos neste percurso “solitário” é essencial para navegarmos pela complexidade e responsabilidade que a liderança carrega.
É sobre construir pontes mesmo em meio ao isolamento, criando uma rede de apoio e inspiração mútua.
Outros materiais sobre o tema:
- https://vocesa.abril.com.br/geral/ser-lider-pode-ser-solitario
- https://rhpravoce.com.br/colab/e-possivel-superar-a-solidao-da-lideranca-corporativa/
- https://hbr.org/2023/08/how-ceos-can-navigate-the-emotional-labor-of-leadership
Outros artigos:
O papel do colaborador protagonista na construção de ambientes saudáveis
A subjetividade da geração de valor em um mundo em mudança
Alta performance e produtividade pessoal! (Jogue com a razão!)
Paulo Pereira é Gerente de Operações de RH e tem mais de 11 anos de experiência em práticas de administração de pessoas e folha de pagamento, com expertise em relações trabalhistas, gerenciamento de riscos, processos, auditoria interna, compliance, terceirização de serviços, suporte à emissão de pareceres contábeis e due diligence adquiridos em projetos realizados em grandes empresas líderes de mercado. Também tem sólidas experiências nas áreas de Experiência do Colaborador, Remunerações e Benefícios, Recrutamento e Seleção, e Treinamento e Desenvolvimento.
Atualmente, é co-responsável pela torre HTR do CSC da maior empresa de mobilidade da América Latina, respondendo diretamente à Direção Executiva, e tem como atribuição a gestão das práticas de folha de pagamento, admissões, férias, rescisões, sistemas HCM do Brasil e toda a operação de serviços transacionais de gente (admissões, férias, rescisões, folha, ponto, benefícios, atendimento ao colaborador e expatriados) no México, tendo participado de toda a criação da área no país.
Além da atividade remunerada, desenvolve o projeto Gentee (www.gentee.com.br), um blog de conteúdo de alta qualidade para profissionais de Departamento de Pessoal e Recursos Humanos.
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