Fim da escala 6x1: equilíbrio entre qualidade de vida e sustentabilidade dos negócios

Departamento de Pessoal

Fim da escala 6x1: equilíbrio entre qualidade de vida e sustentabilidade dos negócios

Paulo Pereira
Escrito por Paulo Pereira em 13/11/2024
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A escala 6×1 tem sido tema de debates intensos recentemente, e com razão.

Esse formato, que exige seis dias consecutivos de trabalho com apenas um de descanso, afeta milhares de trabalhadores em diversas áreas, especialmente em pequenas empresas.

Como alguém que já trabalhou sob essas condições, entendo a carga que essa rotina impõe, privando o trabalhador de oportunidades de descanso e de atividades que proporcionam bem-estar e equilíbrio.

Por mais que a transição para uma jornada menos exaustiva seja uma aspiração importante, é fundamental que a discussão sobre a escala 6×1 considere todos os impactos – não só para os trabalhadores, mas também para a sobrevivência das empresas que geram esses empregos.

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Impactos da escala 6×1 no trabalhador

É inegável que o 6×1 afeta a saúde física e mental dos empregados.

Um descanso semanal único pode ser insuficiente para que o trabalhador realmente se recupere, especialmente em atividades que exigem esforço físico intenso ou grande concentração mental.

Para muitos, essa escala representa uma ausência de escolha: ou se submetem a essas condições ou enfrentam a insegurança de procurar outras oportunidades em um mercado já saturado.

No entanto, a discussão sobre reduzir essa carga de trabalho deve incluir medidas práticas para garantir que as empresas, sobretudo as de pequeno porte, possam sustentar uma transição para novos modelos.

Afinal, a existência dessas empresas é vital para a manutenção de empregos e da economia em geral.

Desafios para pequenas empresas

A maior parte dos trabalhadores submetidos à escala 6×1 está em pequenas empresas, que já enfrentam desafios consideráveis com custos operacionais.

Uma mudança na jornada de trabalho, sem compensações financeiras ou incentivos governamentais, pode inviabilizar a operação dessas empresas, levando-as ao fechamento.

Consequentemente, o impacto dessa decisão não se limita apenas ao trabalhador individual, mas afeta a empregabilidade de uma grande parcela da população.

É essencial que o governo participe dessa discussão, oferecendo apoio e incentivos para que as empresas possam adaptar-se sem sobrecarga financeira.

A introdução de medidas compensatórias pode ser uma solução prática, evitando que a diminuição da jornada se converta em um problema maior de desemprego.

O caminho para uma mudança sustentável

Um modelo ideal de jornada de trabalho, mais equilibrado e saudável, certamente é uma meta desejável.

Alternativas como a semana 5×2 ou até mesmo a possibilidade de um formato 4×3, embora pareçam distantes, são soluções que merecem atenção e pressão por parte da sociedade e das lideranças.

No entanto, é essencial que as decisões sejam fundamentadas e desvinculadas de interesses políticos extremos que possam distorcer a realidade prática de grande parte das empresas brasileiras.

O debate precisa avançar, mas com os pés no chão. É uma mudança necessária, mas que deve ser conduzida com uma abordagem realista e com a devida análise dos impactos econômicos e sociais.

Afinal, para que qualquer avanço aconteça de maneira efetiva, todos os lados – empregados, empregadores e governo – precisam agir em conjunto, promovendo um ambiente de trabalho mais justo e ao mesmo tempo viável.

Para que a jornada 6×1 deixe de ser uma realidade desgastante e se transforme em um modelo que respeite a qualidade de vida do trabalhador, é preciso mais do que ideais: é preciso responsabilidade e ação estratégica que levem em consideração a saúde das empresas, das famílias e da economia.


Paulo Pereira é Gerente de Operações de RH e tem mais de 12 anos de experiência em práticas de administração de pessoas e folha de pagamento, com expertise em relações trabalhistas, gerenciamento de riscos, processos, auditoria interna, compliance, terceirização de serviços, suporte à emissão de pareceres contábeis e due diligence adquiridos em projetos realizados em grandes empresas líderes de mercado. Também tem sólidas experiências nas áreas de Experiência do Colaborador, Remunerações e Benefícios, Recrutamento e Seleção, e Treinamento e Desenvolvimento.

Além da atividade remunerada, desenvolve o projeto Gentee (www.gentee.com.br), um blog de conteúdo de alta qualidade para profissionais de Departamento de Pessoal e Recursos Humanos.

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2 Replies to “Fim da escala 6×1: equilíbrio entre qualidade de vida e sustentabilidade dos negócios”

Ohana Favaro

Adorei o conteúdo!
Realmente é importante para o bem-estar dos colaboradores o fim da jornada 6 x 1, porém as medidas propostas precisam ser realistas. É necessário procurar um equilíbrio para que as mudanças não prejudiquem as empresas, muito menos interfira no preço final de produtos e serviços para os consumidores.

Paulo Pereira

Muito obrigado pelo comentário, Ohana! o/